A Lei 9394/96, art.43, nos incisos VI e VII atribui como dever aos pró-reitores e coordenadores de extensão e coordenadores de curso das universidades públicas:
Promover a extensão aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição (BRASIL, 1996, art. 43, inciso VII) e; Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviço especializado à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade (BRASIL, 1996, art.43, inciso VI).
A Extensão universitária deve ser entendida como um mecanismo para a sociedade e a Universidade caminharem juntas. No inciso VII, o dispositivo “prestar serviço especializado à comunidade” poderia ser entendida como apenas a oferta de cursos, congressos, assessorias técnicas, programas comunitários de saúde, exposições de arte e ciência, como indicado de forma geral pelo Art. 44 (Incisos I ao IV)?
Qual o papel da Universidade no que tange demandas sociais e contribuições políticas, sociais, econômicas e institucionais? Seria apenas a transmissão do conhecimento o suficiente para cumprir o papel da Extensão? Ou talvez pela construção social do conhecimento?
As Universidades não deveriam estar presas, nem seus profissionais limitados em seus “muros”. De fato, não deveriam existir “muros” nas Universidades, devendo as pesquisas, profissionais e, principalmente espaços estarem acessíveis à todos. Nesta esteira elas têm o papel (e o dever) de modificar a realidade social, de contribuir na vida das pessoas, de oferecer não somente o conhecimento, mas de ser um espaço de diálogo e construção de metodologias participativas. As Universidades precisam “conversar” entre si, com a sociedade e o Estado.
Pautado nesta responsabilidade enquanto Programa de Extensão, o RECOSOL (Redes Colaborativas Solidarias) surge como um ente de educação e pesquisa socioambiental, criado em 2011, que atua dentro e fora dos campi da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, por meio de um Plano de Ação com estratégias emergentes visando a promoção e potencialização de práticas sustentáveis.
Possuía, em sua origem, o foco na implementação da Sustentabilidade Socioambiental na UNIRIO, considerando de extrema importância a aproximação da comunidade acadêmica com atores da cadeia produtiva da reciclagem, priorizando as cooperativas de catadores. Contudo, o foco inicial foi desassociado do programa quando a Universidade, por decisão da Reitoria, assumiu a responsabilidade para si implantando uma comissão permanente de sustentabilidade institucional – COPESI;
O Programa, ao decorrer de sua história, estabeleceu parcerias de cooperação interinstitucionais com o propósito de difundir uma consciência socioambiental em instituições públicas levando em consideração a importância das Redes, como em exemplo o CEFETRJ, o IBAMA e a Rede Rio de Sustentabilidade. Além disso, construiu alianças com projetos internos da universidade, como o FINA flor e Jardim Didático e Evolutivo, objetivando atingir o maior número de estudantes possível. Como missão, promoveu a construção de uma proposta de política compartilhada de gestão socioambiental na Universidade de forma integrada, participativa e dialógica pelo princípio da ética da corresponsabilidade.
O RECOSOL atende a demandas de diferentes cursos da UNIRIO como o de Ciências Ambientais e Turismo com o objetivo de integrar estudantes com as questões ambientais externas e internas à UNIRIO.
Seus integrantes acreditam que a interdisciplinaridade e a multidisciplinariedade são ótimos caminhos para se alcançar um efeito de conscientização mais abrangente impactando na mudança de hábitos por meio de boas práticas de sustentabilidade em todos os processos da gestão universitária.
Anualmente organiza o “Encontro de Iniciativas Ambientais internas e externas à UNIRIO – EIA, evento onde órgãos públicos e privados podem expor práticas sustentáveis desenvolvidas em seus espaços. Promove também, mensalmente, os encontros de Economia de Comunhão na Liberdade, estimulando uma prática e uma cultura voltada para a comunhão, a reciprocidade e a gratuidade.
Executa, juntamente com a Associação de moradores do Alto Humaitá (AMAR, Rio de Janeiro, RJ) o Projeto PoleN, que se propõe em potencializar ações socioambientais em uma área pública de 5 mil metros quadrados conhecida como Parque do Martelo.
O Recosol atua também, em parceria com a Associação Por Uma Economia de Comunhão (AMPECOM), na potencialização do espírito empreendedor dos moradores e agricultores orgânicos de Santo Aleixo, distrito de Magé, município do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo é viabilizar o crescimento da produção de produtos orgânicos, gerando oportunidades de trabalho para os agricultores locais, seguindo os princípios pautados pelo Programa Recosol.
O programa busca também contribuir na transformação cultural dos estudantes para a direção de um estilo de vida mais sustentável, gerando um processo de transformação em cadeia.